home bio releases bands distro how to order contact zine tours f.a.q. links interviews / entrevistas reviews / resenhas

Entrevista: Cherry Mie Taketani (Hell Sakura)
por Rafael Karasu
(rafael@karasukiller.com)
publicada originalmente na DOLL (Japão) Nº244
11/07

1-Apresente para nós do Japão sua banda e qual é o significado do nome Hellsakura?
Oi, o nome é algo como cereja do inferno, shoyu do inferno uma inspiração meio “mangá” misturado com algo cabuloso, algo “kawai” mas nem tanto...cuidado.

2-Me conte como foi formada a banda e quais são as grandes influências.
Já estava na hora de eu voltar com uma banda tocando guitarra e atacando no vocal, um pós-Okotô ...e o baixista Napalm foi responsável também afinal além de me intimar para tal ,ele viveu e participou de momentos parecidos da cena alternativa do rock em São Paulo e o baterista Bart eu já estava de “olho” nele pois tocamos também em uma orquestra de baterias por aqui além do que ele já estava vindo de uma banda de punk rock! Nossas maiores influências são Motorhead, Ramones, Black Flag, L7 e vocais femininos são muito importantes pra mim!

3-Todos na banda têm um trabalho ou vivem da banda? Vocês tocam muito por aí?
Não vivemos só da banda no Brasil infelizmente, esse é um país onde a “cultura” não é privilegiada, mas mesmo assim temos uma cena alternativa forte graças às bandas e outros meios alternativos. Eu trabalho com música e produção no Hangar 110, uma famosa casa de punk rock/hardcore aqui em São Paulo, o Napalm é designer gráfico e ilustrador e o Bart faz uns “freela” com outras bandas. O Hellsakura tem tocado em todas as casas de rock possíveis e espero que com o CD pela Karasu Killer a gente possa expandir muito mais! O que mais gostamos por aqui é fazer shows e depois “capotar”!

5-Comente sobre suas letras, o que você quer passar para o público.
Então, continuando (risos) quero passar raiva, revolta e indignação, mas também coisas legais através de letras “surreais” ou mesmo coisas que vão acontecendo no dia-a-dia aqui em São Paulo.

6-Sei que vocês conheceram o KAMISORI através de uma demo da banda que foi distribuída no Brasil, como surgiu a idéia de fazer um split entre as duas bandas?
Foi idéia da Karasu? Ou minha? Acredita que não me lembro? Bem, preciso refrescar a memória... Já volto! O som deles e demais! É rápido, como um Motorhead pra lá de acelerado. E aquele baixo hein?!

7-Você acha que é possível criar uma ponte Brasil-Japão? Será que um dia poderemos organizar turnês de bandas japonesas no Brasil e de bandas brasileiras no Japão?
Sonho com isso desde sempre mas, acho que naturalmente já existe essa ponte, né? O ideal seria que tivéssemos mais recursos para poder fazer as turnês. O brasileiro se interessa bastante por bandas de outros países, mas do Japão foram poucas as que vieram tocar aqui, me lembro do Vivisick, Robin e Guitar Wolf ... e o inverso não é impossível afinal o Mukeka di Rato andou fazendo uma tour grande por aí!

8- O split com o Kamisori será lançado no Brasil e terá uma distribuição no Japão também. O que podemos esperar desse split?
O CD é uma maneira de oficializar as músicas e espero ter uma divulgação melhor da banda no Nihon e que as pessoas conheçam nosso som e é claro fazer uma tour no Nihon.

9-Como caminha a cena Punk Rock em São Paulo? Novas bandas surgindo? O que você tem a dizer sobre isso?
Muitas bandas novas têm surgido misturando punk rock com outros estilos como grunge, pós-punk, mas tenho ouvido as clássicas por aqui como Cólera, Vírus 27, Juventude Maldita. O que vejo é que as bandas com influências de psychobilly e rockabilly têm aumentado consideravelmente e eu adoro essa mistura. Surgir bandas novas é muito importante, mas essas bandas agüentarem o esquema todo para seguir em frente já não são todas que conseguem se manter unidas o bastante .

10-Cherry, você é descendente de japoneses, nos conte como é sua relação com a cultura japonesa?
Sempre busco uma inspiração, uma raiz para poder me segurar e seguir em frente, seja através da música, da alimentação, dos quadrinhos, livros até mesmo de algo que minha okasan disse. O Brasil é um país com muitas diferenças, eu gosto daqui mas sei da minha descendência e cultivo isso poque acredito que é uma maneira de fazer coisas boas nessa vida! Veja bem Rafael san vou até levar uma árvore Sakura daqui para outra casa que vou mudar, acredita? Adoraria que as raízes delas andassem sozinha pelas ruas de São Paulo (risos).

11-No ano que vem em São Paulo e em vários lugares do Brasil, haverá as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil (1908-2008). Como será isso? Você irá comparecer?
Com certeza a mídia vai comentar o assunto também e o Split com os Kamisori boys coincidentemente será um brinde! Eu gostaria, claro se for convidada, não sei qual a programação, mas adoraria participar!

12-Hoje em dia vivem no Japão cerca de 300 mil brasileiros, a maioria dos quais são dekasseguis (brasileiros que vão ao Japão para trabalhar, a maioria como operários na indústria). A comunidade brasileira no Japão é a terceira maior fora do Brasil e, por sua vez, é a terceira maior comunidade imigrante no Japão, atrás somente dos coreanos e chineses. O que você conhece aqui? Gostaria de conhecer o Japão ou mesmo viver aqui por um tempo?
Sim adoraria, e mesmo cultivando a cultura japonesa desde criança talvez tenha um choque, mas ouço que rola muito preconceito dos japoneses com os dekasseguis e isso me revolta. Mas mesmo assim, ia ser emocionante! Me aguarde que vou direto para a Harajuku Street ligar o ampli e a guitarra, depois vou tomar ochá em Nagoya com você e sua okasan!

13- Deixe sua mensagem em nihongo日本語 ara os leitores japoneses da DOLL!
Watashi wa a no punk rock hardcore dai suki dessu

De wa “lets rock” shimashô!

“Doubutsu tati o aishite kudassai”

“Shizen o taisetsu ni shite kudassai”

“Sakê oan mari nomanai de kudassai”

Kyotsuketê né dja odaijini

Arigatô

Cherry (nihongo namae = Mie)

Contatos:
www.myspace.com/hellsakura
www.fotolog.com/hellsakura
cherrymt@terra.com.br