home bio releases bands distro how to order contact zine tours f.a.q. links interviews / entrevistas reviews / resenhas

Entrevista: Encroached
por Rafael Karasu (rafael@karasukiller.com)
05.01.07

ENCROACHED
Diretamente de Tóquio, o Encroached representa toda a força da cena hardcore da cidade. Música com personalidade, gritos que vão direto pra dentro de sua cabeça, o som deles é rápido, com vocais gritados, muito intenso, e típico do hardcore japonês. Vamos saber um pouco sobre a banda, nessa entrevista com o vocalista Shingo Maeda.

1 – Por que Encroached?
Nenhuma razão específica. Se preciso te dar uma razão, nós tínhamos que ter um nome pra tocar nossa música. A palavra “encroached” significa “invadido”, ou “infringido”. Por alguma razão eu achei um nome que poderia ser usado com a mesma palavra na voz passiva ou no passado.

2 – Nos conte quem é a banda agora, as bandas anteriores, e como o Encroached foi formado.
Foi em junho de 2003. Kanehara, nosso primeiro baixista e proprietário da Skinny Dip Records, veio até mim, e então começamos a procurar por membros. Depois de várias mudanças na formação, somos o que somos agora. Eu costumava tocar guitarra numa banda chamada Foodchain, que lançou algo nos anos 90.

3 – Explique pra gente como é a cena em Tóquio. A banda sempre toca lá?
É um pouco difícil de explicar a cena de lá, já que a cidade á tão grande. Ainda assim, tem algumas bandas da cidade que tocam nos 23 distritos de Tóquio, que é mais a área urbana, e tem as bandas do subúrbio. Acho que nós pertencemos à segunda categoria.

4 – A banda lançou um demo cd-r antes do 7”  Shoot The Icons. Como foi a distribuição?
Nós vendíamos o cd-r apenas nos shows. Paramos quando o 7” foi lançado.

5 – Por que o nome “Shoot The Icons”?
Na sociedade como um todo, ou mesmo em grupos menores, em qualquer cena, as pessoas têm a tendência de designar alguém como líder, e obedecer àquilo que ele/ela pensa. Eu escolhi um título com uma mensagem “não quero que seja desse jeito”. Algo como “sem Deus” ou “sem mestre”.

6 – Nos conte sobre a arte. Quem fez?
A arte foi feita por K5, do Earth Beat Project.

7 – Shoot The Icons foi lançado nos EUA pela Shock To The System. Como é a distribuição por lá?
O dono do selo, Dan Baker, me conhece através de trocas de discos com a Toocircle Records e distribuindo nossos discos nos EUA. Um dia mandei uns cd-rs do Encroached com outros discos pra troca. Então ele gostou da gente e nos ofereceu o lançamento pelo selo dele. Foi assim que acabamos fazendo a parceria.

8 – O som do Encroached me lembra o das bandas suecas. Quais são as influências?
Muitas bandas nos influenciaram, e acho que cada um de nós tem um gosto distinto. Ainda assim eu diria que principalmente BORN AGAINST, NO SECURITY, ANTI CIMEX, INTENSITY, SLEEPER CELL, POISON IDEA, BLACK FLAG, BROTHER INFERIOR, SEEIN'
RED, e por aí vai. Acho que somos influenciados pelo hardcore dos anos 80 e 90 em geral.

9 – Todo mundo na banda trabalha, ou dá pra viver de música? Como é a vida no Japão, como a banda concilia o trabalho com a música?
Temos um membro que está entre empregos no momento, mas quase todos na banda têm um trabalho decente de Segunda a Sexta. Custa muito manter uma banda underground no Japão, e precisamos ganhar a vida. É razoável pra mim ganhar dinheiro no trabalho, e ter um tempo sobrando para a banda.

10 – Qual a diferença entre o Encroached do começo e agora?
Nada mudou, basicamente. Eu acho que depois de todos esses shows estamos ficando melhor, e tocando com mais entusiasmo.

11 – Eu acho as duas músicas novas muito boas, quando elas serão lançadas?
Uma dessas músicas será incluída numa coletânea da Earth Beat Project, que será lançada no ano que vem.

12 – Quais são os planos pro futuro do Encroached?
Estamos com shows marcados quase todo fim de semana até o final de dezembro, mas eu quero tocar menos ano que vem, para escrever novas canções. Estamos planejando uma turnê na área de Kansai (Japão) com It’s You e Kola, em abril. Até lá, teremos um disco com as três bandas lançado pela Too Circle Records.

13 – Shingo, você organiza shows em Tóquio. Como funciona? Quais são as principais dificuldades e quais foram os shows mais recompensantes que você já fez?
Eu organizei muitos eventos, mas nenhum deles foi considerado por mim um “fracasso”. Eu estou feliz com o que fiz. Quanto mais você faz, mais satisfeito fica.

14 – Quais bandas de Tóquio você acha que merecem destaque?
Essa é uma pergunta difícil de responder. Acho que bandas mais conhecidas, como Gauze ou Forward, mas gostaria também de citar Groaning Groove, Rinto e Kola. Eles estão se dando muito bem, planejando shows ativamente. Eu espero que jovens, perto dos 20 anos, comecem a aparecer mais. Entre eles The Scribbler está se dando bem também.

15 – A banda tocará em um festival em dezembro, organizado por brasileiros. O que vocês esperam tocando para um público composto por uma maioria de brasileiros?
Não conhecemos as bandas que tocarão com a gente além de Nomares, e essa vai ser a primeira vez que tocamos em Hamamatsu. Mesmo assim, ficamos muito empolgados tocando “fora de casa”.

16 – O que você acha do Brasil e das bandas brasileiras?
Eu sei que o Brasil tem boas bandas desde o início da história do punk rock. Minha escolha das bandas recentes seria No Violence e I Shot Cyrus. Ah, e sem esquecer o D.F.C.!

17 – Existe alguma possibilidade da banda vir ao Brasil?
Claro! Adoraríamos ter a oportunidade de tocar no Brasil.

18 – O que você tem a dizer para as bandas no Brasil, um país onde muita gente gosta de hardcore japonês?
Eu espero que eles tenham a chance de vir tocar no Brasil. Deveria haver algo que eu pudesse fazer para dar apoio a eles!

Ok, agora nos conte um pouco sobre as músicas em Shoot The Icons.

LADO A

1) SHOOT THE ICONS – Essa é sobre atirar em ídolo que foi escolhido.

2) ENCROACHED – Essa foi inspirada pela palavra “encroached”. Escrevi essa música pensando se tudo o que podemos fazer contra incidentes inevitáveis como tsunamis é nos resignar a nossos próprios destinos.
 
3) CHANGELESS CYCLE – No dia-a-dia só queremos sair da estabilidade, o que é na verdade o caminho da auto-destruição. É isso que a música diz.

LADO B

1) WHO'S NEXT LEADER? - Apesar dos líderes da sociedade mudarem o tempo todo, ela nunca mudou pra melhor.

2) SURFACE RELATION – Essa tem a mensagem de que eu não quero amigos cujos laços sejam apenas superficiais, não importa quantos eles sejam!

3) MOVE IN THE CAGE – Nessa música eu imagino se só temos liberdade dentro das restrições.

4) CHANGE YOUR SIGHT – Essa é sobre o fato de que seu ponto de vista e seus valores não necessariamente estão certos.

Shingo Maeda é vocalista do Encroached, e dono da Too Circle Records, que já lançou D.F.C. no Japão, em um split 7” com Fido’s Brunch.

Vídeos:
Encroached - Greed Rules - www.youtube.com/watch?v=nsc4tQjBLZM

Encroached - Changeless Cycle - www.youtube.com/watch?v=4Oxd_rNLeWs

Encroached - Look at Tomorrow - www.youtube.com/watch?v=WSMnBiAnzo4

Encroached - Move in the Cage - www.youtube.com/watch?v=RAsEfUuCnfI

Contatos:
www.myspace.com/encroachedtokyo
sound.jp/encroached

Shingo Maeda
c/o Hi-home Kodaira 510
221-3 Nakamachi Kodaira-city
Tokyo #187-0042
JAPAN
www005.upp.so-net.ne.jp/toocircle/
Email: toocir@xd5.so-net.ne.jp
TEL: 090-3519-4982

Junpei Nobusaka
E-mail: jmpinbsk@yahoo.co.jp
TEL:090-8042-7025