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Entrevista: Eduardo e Alex (Kacttus)
por Ricardo Tibiu (tibiu@karasukiller.com | www.chiveta.wordpress.com)
Fotos: Jalto Amaro
publicada originalmente na DOLL (Japão) Nº255
10/2008

De volta aos anos 90!
Formada em São Paulo há seis anos, a Kacttus acaba de ter seu primeiro CD, “Lado A Lado”, lançado pela Fusa Records. A sonoridade da banda remete diretamente ao hardcore que marcou os anos 90. Com bases aceleradas, melodia e coros, Rafael (guitarra/voz), Nicola (guitarra), Eduardo (baixo) e Alex (bateria) mostram em português sua indignação contra aquilo que julgam estar errado, seja injustiças sociais ou políticas. Conversamos com Eduardo e Alex, que entre outras coisas, nos contaram como foi tocar ao lado dos canadenses do Propagandhi e dos norte-americanos do Strike Anywhere.

Qual vocês acham que seria a melhor definição para o som do Kacttus?
Eduardo:
Então, esse lance de rótulo é uma coisa complicada. Para nós, o nosso som é um hardcore old school '90s, mas preferimos que cada um escute e dê sua opinião.
Alex: É complicado falar hoje em dia que se toca hardcore por aqui no Brasil, porque o pessoal já assimila o gênero com algumas bandas que têm uma pegada mais leve, letras mais sentimentais, a partir daí que gostamos de falar que “nosso hardcore” é influência total da velha escola, anos 80/90.

Quais são as principais influências da banda?
Eduardo:
A principal influência inegavelmente é Pennywise, mas também tem o Strike Anywhere, o Suicidal Tendencies, o NOFX...
Alex: Ouvimos muito som old school, seja ele punk, hardcore, thrash, crossover... Como o Eduardo já falou das influências posso só acrescentar: Nitrominds, Rise Against, Municipal Waste, Propagandhi e por aí vai.

Vocês cantam em português, dê uma idéia aos japoneses sobre o quê vocês falam nas letras.
Eduardo:
Falamos sobre críticas sociais, políticas, sobre a violência etc. Resumindo, falamos sobre tudo o que acontece ao nosso redor todos os dias.
Alex: Gostamos de falar sobre o que está errado no país e o mundo onde vivemos, sempre com uma mensagem de que tudo pode mudar se ao invés de você ficar sentado esperando acontecer, tomar uma ação positiva pra fazer acontecer; união e amizade hoje em dia é tudo, daí o nosso lema que deu título ao CD: “Não estamos aqui para ser melhores, estamos aqui para andar lado a lado” [Nota do redator: o nome do CD é “Lado A Lado”].

Vocês dividiram o palco com os canadenses do Propagandhi e os norte-americanos do Strike Anywhere. Qual foi a importância disto pra vocês?
Eduardo:
Para nós, foi a realização de um sonho antigo. Todas as bandas têm o sonho de dividir o palco com aquela banda que influencia diretamente no seu som, que não pára de escutar seja onde for, e com a gente não é diferente.
Alex: Nossa cara, até hoje quando penso nos shows eu não acredito. Com o Propagandhi foi um pouco complicado porque a prefeitura interditou o local do show (Hangar 110) e foi transferido de última hora, muita correria, mas rolou o show, pessoal muito gente boa. Já com Strike Anywhere foi a sensação de parecer que conhecíamos os caras de longa data. Um baita exemplo de humildade e respeito para muita banda daqui do Brasil se espelhar. Batemos um papo, o pessoal nos cumprimentou dizendo que curtiu nosso show, incrível!

De uns anos para cá está surgindo uma nova safra de bandas punk/hardcore no Brasil. Como vocês enxergam essa renovação? Quais vocês consideram os destaques?
Alex:
Cara, realmente estão surgindo bandas de todos os lugares. A internet está sendo o principal marketing das bandas hoje em dia, pena que muitas delas aparecem em “temporadas”, você até ontem nunca tinha ouvido falar e hoje você já conhece a banda com não sei quantas mil pessoas na comunidade do Orkut, mega shows para a cena independente etc. Considero isso temporário por causa do “boom” de bandas que saíram do independente e estão no mainstream como NX Zero e Strike. A garotada monta e desmonta banda em minutos por influência desse tipo de banda e sonoridade mais acessível, fácil assimilação nas letras etc. Em relação aos destaques o que eu posso considerar de bandas punk/hardcore boas que estão traçando seu caminho, são os amigos do Decore, Que Fim Levou Valdir?, Nivaldos etc. Já os sempre em destaque eu posso falar sobre os, também, amigos do Nitrominds, Deserdados, Gritando HC, Randal Grave... são essas bandas e muitas outras que mantêm a velha escola com força.

Você, Alex, como dono do selo Fusa Records, como vê o mercado fonográfico hoje em dia?
Alex:
Fraco. Hoje é fácil você baixar um CD por um link, em menos de 10 minutos você tem o álbum, capa, contracapa etc. O difícil e quase impossível é a galera pensar no trabalho em que foi gravar esse CD, lançar pra depois ficar tudo compactado em um link. Claro que tem seus prós, o som da banda vai parar em lugares inimagináveis para distribuição, chega aos ouvidos de muitas pessoas mesmo. Achei bem bacana o que a banda Envydust fez com o marketing do seu CD, chegaram a um acordo com o selo e fizeram uma renovação para a galera comprar. Hoje em dia tem que ser assim, abrir mão de um método padronizado antigamente e investir na qualidade ao vivo da banda, na produção e outros métodos para, assim, a galera se interessar em comprar o CD.

A sonoridade do Kacttus vai muito na linha das bandas de hardcore dos anos 90, quais você acha que são as principais mudanças que o estilo teve daquela época pra agora?
Alex:
A “melodicalização” exagerada desse estilo (risos). Hoje em dia falar que uma banda toca hardcore é complicado porque grande parte da galera não se preocupa em ouvir a banda e conhecê-la, preferem apenas pensar que é mais uma banda melódica, letras sentimentais e todos os apetrechos que esse estilo virou. Devido a grande quantidade de bandas desse porte o hardcore dos anos 90 perdeu um pouco do espaço na cabeça da galera, mas sempre tem um pessoal que ainda tem aquele espírito de mudanças, liberdade, amizade e positividade que vai muito além de qualquer outro sentimento e transformações que ocorreram de uns tempos pra cá. Com certeza isso motiva tanto o Kacttus quanto às bandas que estão na cena há bastante tempo a continuar fazendo esse tipo de som, sem demagogia ou para impressionar ninguém.

Quais são os próximos planos da banda?
Eduardo:
Continuar a divulgação nosso primeiro CD “Lado a Lado”, que foi lançado em abril desse ano, por todos os lugares possíveis e brevemente lançar nosso primeiro vídeo-clipe.
Alex: Estamos na reta final da “Underground Voices Tour”, da Fusa Records, ao lado do Gritando HC. Essa tour acaba no final do mês de junho e já em julho estamos agendando os shows da tour “Lado a Lado”. Agora com o CD em mãos pretendemos tocar em todos os lugares do país que cederem o espaço, além de divulgação em rádios, fanzines e televisão para a galera nos conhecer. Durante essa tour vamos começar a traçar a idéia do clipe que será lançado no segundo semestre.

Além do Godzilla, o que vocês conhecem do Japão? Alguma banda?
Eduardo:
Existem muitas bandas do Japão que escuto bastante. FC Five, Rude Bones e Ska Ska Club são algumas delas.
Alex: O Eduardo disse as bandas que conhecemos, eu conheço e falo com o Yusuke, da banda Sunsgrind, além do Godzilla eu conheço e sou fascinado pelo Jaspion e o Jiraya! Acabei de ouvir falar de uma banda de brasileiros que tocam lá, chamada Cabeça de Bagre.

Deixe uma mensagem para os japoneses!
Alex:
Primeiramente valeu Ricardo pela entrevista, se existissem vários “Ricardos Tibiu” por aí garanto que a divulgação das bandas seria muito melhor! Aos japoneses: obrigado quem leu a entrevista, escutem nosso som no MySpace e divulguem a banda por aí, quem sabe em breve não surge um convite! (risos).

Contatos:
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