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Entrevista: Death from Above
por Rafael Karasu (rafael@karasukiller.com)

Fotos: Eder Sales Cave

2011/06

Death from Above

01-Fale um pouco da história da banda, discografia, primeiros shows. E qual é o significado do nome?
Mingau:A banda começou no início de 2006, eu estava bastante entediado, porque as duas outras bandas que eu tocava tinha acabado (Neurose Urbana em 2004 e Chaotix no final de 2005) e eu queria muito formar outra banda, mas dessa vez fazer um som no estilo que eu mais amo. D-BEAT!!! e como eu sou um d-beat maníaco escolhi o nome DEATH FROM ABOVE por causa do 7"EP do Discard "death from above" alem de ser uma influência sonora foi a primeira banda a usar o logo do Discharge declarando assim sua total influência sonora. Então comecei a pensar nesse novo projeto, chamei o Thiago que tocava no Sociofobia para tocar baixo e o Ratão(baterista da Neurose Urbana) para dar uma ajuda na bateria só pra gente compor algumas músicas, e como não havia outros bateristas para tocar d-beat aqui na cidade ele aceitou.Então fizemos uns 6 sons, tocamos em um show e o Ratão saiu da banda,na seqüência chamamos o Hassan que era baterista do sociofobia e guitarrista do Desastre pra tocar, gravamos a demo "lost in the insane war" com ele na bateria, foi tranquilo porque eu já tinha tocado com o Hassan antes no Chaotix. Logo depois disso ele saiu da banda, mas nesse meio tempo já estávamos de olho em um amigo nosso, Slake que é vocalista do W.C.M e estava tocando bateria em uma banda nova Asas da Vingança, eu percebi que ele tinha um estilo bom e que talvez poderia tocar com a gente, fizemos alguns ensaios, mas a bateria não era muito d-beat, entao fui ensinando ele a tocar d-beat e com o tempo ele foi pegando a batida e foi aperfeiçoando ao seu estilo, o bom é que ele tem uma batida pesada que ate lembrava o Ratão tocando na Neurose Urbana, isso aconteceu no inicio de 2007, como rolou um entrosamento bom e ele acabou ficando na banda. Então começamos a trabalhar novos sons e fazer shows, em 2007 e 2008 foi muito bom pra gente pois tocamos muito, uma média de 2 shows por mês, isso só ajudou no sentido "dar mais gás no som e deixa-lo bem coeso", também usamos uma estratégia de "non stop show" tipo no live "the nightmare continues" do Discharge isso ajudou muito. Sobre as gravações, o que posso dizer é que somos uma fudida banda meio sem sorte! Vou explicar, depois que gravamos a demo "lost in the insane war" no final de 2006, gravamos em 2007 , 3 sons (incluindo cover do Disclose) dos quais 2 seria para um split 7"EP e o outro seria para um tributo ao Disclose, o split não saiu porque a outra banda, Kandiru de minneapolis-US acabou e o tributo ao Disclose simplesmente tiraram a gente do CD. Então em 2008 gravamos o CD digipack "death comes" que foi lançado somente em 2009. mas em 2008 também tocamos do show da gravação do dvd do Besthöven e o audio do nosso show foi gravado, mixado e masterizado pelo Frango (Galinha Preta), mas ainda não foi lançado. O CD "death comes" era pra ter sido lançado pela Speed State records do Japão, mas no processo eles pararam de escrever, entao desisti e resolvi lançar isso aqui mesmo com o selo TBONTB (two beers or not two beers) e o meu Mingau's productions.o que foi bem melhor porque tivemos uma boa divulgação. Ainda em 2009 gravamos mais 2 sons para um outro split 7"EP com Dead Section de Portland-US, em razão da vinda deles para o Brasil para uma tour e nós iríamos fazer a tour juntos, mas ai no processo o Dead Section cancelou a tour no Brasil, a banda acabou e desistiram de fazer o split 7"EP, nisso eu ja tinha enviado todo material para eles, que iriam prensar o 7". bom, no final de 2009 fizemos nossa segunda tour em São paulo a "death comes tour" fizemos uns 6-7 shows por lá, uma tour boa mas muito estressante o que resultou na saída do Thiago da banda e a entrada do Danny (ex- Desastre) no Baixo.Já com ele no baixo gravamos no final de 2010 mais 2 sons para outro suposto split 7"EP com War/System de UK, mas acabou também não saindo porque o vocalista da havia saído da banda, e que era o contato para o split. então desanimamos decidimos usar um dos sons para um projeto de 4 way 7"EP que estamos trabalhando agora.Então no inicio de 2011 gravamos 4 sons para nosso debut 4 trax E.P., que já está na mão do selo Bombs Away Records para ser prensado e terá uma versão em tape também, com 2 sons de bônus, além disso gravamos também esse ano 1 som cover do discharge "war's no fairytale" para o tributo brasileiro em CD, estamos no momento trabalhando nele e por fim gravamos no último mês de Maio 3 sons para o "4 way for destruction" vol.2 que devera sair em agosto. Discografia: 2006 "lost in the insane war" demo (7 sons incluindo cover do discharge) 2007 "unreleased recording" (3 sons) 2008-2009 "death comes" CD digipack (12 sons) 2009 "unreleased recording" (2 sons) 2010 "unreleased recording yet" (2 sons) 2011 "4 trax E.P." 7'EP (4 sons) coming in soon! 2011 "4 way for destruction"vol.2 (3 sons) coming in soon!

02-Do que se tratam os temas abordados em suas letras? Como é o processo de composição?
Mingau: Quem escreve as letras sou eu (glauco mingau), diferente de muitas bandas que tocam d-beat eu tento não escrever letras somente sobre guerra ainda que seja um tema recorrente, mas tento escrever sobre questões humanas com criticas ácidas e de caráter intrisceco só ser humano, eu não tenho um processo de composição, vai acontecendo, inspirações do dia a dia, noticias da TV e do nosso próprio convívio, tudo isso influência e se torna fonte paras as composições.

03-Quais são as maiores influências de vocês?
Mingau: Quando eu pensei em montar a banda eu não tinha uma fórmula para o tipo som que iríamos tocar, mas com certeza não queria fazer um som clone de outra banda, tentei buscar influência na raiz, minha influencia básica são as bandas: Discharge (singles), Disclose (antigo), Discard, MG15, Antisect (demos), Unruled, The inconoclast, Diatribe, Final Warning, Fader War, Disaster, Underage, Crow (antigo), U.B.R., Olho Seco, entre outras. Mas isso tem mudado um pouco com a mudança de baixista. Estamos tentando fazer um som mais apurado, mas mantendo a mesma vibe d-beat.

04-Todos os membros da banda têm trabalho ou vivem de música? Qual é a maior dificuldade de se ter uma banda no Brasil?
Mingau: Eu tenho trabalhos informais, tenho uma pequena oficina de silk screen em casa, também sou DJ e toco em festas locais. alem disso organizo eventos culturais, shows e festas, é de onde eu tiro minha renda. O Slake está trabalhando no meu antigo emprego, em uma encadernadora, uma espécie de gráfica, só que menor, ele trabalha junto com o Wilton (Desastre), o Danny estava fudidamente desempregado, esperamos que ele arrume um emprego logo pra ajudar nas despesas com a banda hahaha!!! Agora, a maior dificuldade para se ter banda no Brasil é falta de apoio para se produzir e divulgar seu sua banda, também a falta de espaço para shows punis, tudo isso atrapalha, outra coisa é a falta de apoio do público que ainda insistem em não pagar seus ingressos, sempre há pedidos para entrar de grátis e também a falta de apoio no sentido de consumir material produzido pelas bandas, o que ajudaria muito para continuar a produzir discos e merchandise, enfim, são dificuldades, mas como não estamos nessa por dinheiro e nem por fama continuamos a fazer nosso barulho.

05-E a atual fase do underground brasileiro, o que tem de bom e o que tem de ruim. Há um apoio? Qual é a opinião de vocês sobre a cena punk/hardcore de Goiania ?
Mingau: De bom exatamente eu não sei dizer, mas hoje em dia as coisas estão um pouco mais fáceis do que a 10 anos atrás, pelo menos aqui em Goiânia a cena é pequena mas tem se mostrado bem ativa nos últimos anos e tem rolado uma união e cooperativismo legal entre os punks, anarcos, hardcore, tharsh etc...isso é que posso considerar um fator muito bom pra nossa cena. Aqui em Goiânia tem acontecido shows toda semana, e tem surgido muitas bandas novas e produtores também. Atualmente temos os seguintes eventos fixos: "Noise for heroes music for zeros" que eu faço,e já trouxe a banda Darge para tocar. "punks not profits", "underground forces", "thrashcore fest", entre outros eventos mais esporádicos mas com certa regularidade.

06-Em quais outros projetos os membros da banda estavam e estão envolvidos?
Mingau: Eu já tive muitos projetos no passado, eu ja toquei na Neurose Urbana(1993-2004), Chaotix (2003-2005),e Refuse(1994-1996), Desastre(1996),eu e o Wilton(Desastre) tínhamos montado a banda junto com o Fofão e o Ratão, mas essa formação durou pouco tempo, essas foram bandas. Toquei no Besthöven em uma fase que tanto o Besthöven quanto a Neurose Urbana não tinham baixista, e nos estávamos dividindo o mesmo baterista, e eu toquei baixo no Besthöven e o Fofão tocou baixo na Neurose Urbana, isso em 1996, mas ficou só nos ensaios mesmo. Também toquei na banda Lixo, quando eles mudaram para Goiânia, a banda incluía o Marcelo Holanda que toca bateria no Nailbiter, o Slake além de fazer vocal no W.C.M., ele toca no Asas da Vingança, ta parado a banda pelo que sei. O Danny tocou no Desastre durante muito tempo, mas ele também tocou comigo no Chaotix e em outros projetos,ele também toca guitarra no Asas da Vingança.

07-O que os membros da banda ouvem atualmente?
Mingau: Eu ouço muita coisa diferente mas as duas bandas que sou fanático e nunca deixo de ouvir é Discharge e The Cure, eu ouço muita coisa antiga e clássica de vários estilos punk, hardcore, post punk, goth, rock'n'roll etc... o Danny ouve muita coisa parecida com as que eu ouço, mas não sei o que ele tem ouvido recentemente, já o Slake curte basicamente hardcore, fast, crust, punk e RAP, nao sei que bandas ele está ouvindo muito por agora mas sei que são bandas fast. hehehe!

08-De 2003 para cá está surgindo uma nova safra de bandas punk/hardcore no Brasil. Como vocês enxergam essa renovação? Quais vocês consideram os destaques?
Mingau: Sim, têm surgido muita coisa boa nos últimos anos e isso é muito animador. Estávamos precisando de boas bandas novamente no Brasil e o melhor são bandas que estão trilhando seu próprio caminho sem atropelar os outros ou mesmo criando intrigas e competição. Tem surgido muitas bandas amigas que se ajudam e fazem parceria isso sim é de grande valor para a cena atual. Pra mim as bandas que mais têm se destacado são; Whipstriker (RJ), Unfit Scum (SP), Nuclëar Fröst (SP), Social Chaos (SP),Terror Revolucionário (DF), Chaca (RS), Murro no Olho (DF),Gritos de Alerta (RS), Subterror (DF), Violator (DF) e mais... são muitas bandas boas mas essas são as que me vem a mente agora.

09-O que vocês seriam caso não existisse o punk/hardcore em suas vidas?
Mingau: Cara, sinceramente não sei, estou nessa desde minha adolescência ainda quando eu estava formando uma personalidade, então é dificil eu pensar no que seria, sempre gostei de música, não sei mas talvez eu poderia ter me tornando um DJ profissional, porque lembro de um momento antes de me tornar punk que eu gostava muita dessa parada de DJ, vendo os caras tocando em festas com vinil etc... isso nunca saiu da minha cabeça, talvez eu teria ido por esse caminho, mas não sei... acho que o mesmo pro Danny e para o Slake, tipo eles já são que queria ser. O Danny é punk desde quando tinha 13 anos,era um moleque, e ate hoje não viu motivo para mudar, e o Slake também está nessa desde moleque, enato acho dificil eles mudarem, talvez se ganharem na loteria! hahaha!!

10-Cada vez mais se fala da corrupção, violência e desemprego no Brasil,que futuro você vê para o país?
Mingau: Essas coisas vem acontecendo no Brasil sistematicamente a décadas e até hoje não tivemos uma atitude significativa por parte dos governos para mudar esse quadro deprimente em que o Brasil se encontra. A cada eleição surge novas promessas de mudanças principalmente para a saúde, educação, trabalho, contra a violência, corrupção, desemprego, essas coisas básicas para a vida prosseguir. Mas o que acontece são mais escândalos envolvendo políticos e nada de melhorias. As pessoas estão cansadas de serem enganadas e a falta de confiança por parte da população no governo é crescente e isso só tende a piorar, quanto a mim, eu não acredito no governo eu sei que ele está para me foder.

11-Como você gostaria que fosse o Brasil?
Mingau: Na parte financeira como a Suiça, no que diz respeito a cultura, literatura, cinema e música como na Ingalterra, Alemanha, Rep. Tcheca, Espanha, no quesito culinária como a Italia, mas o Brasil está bem servido, muita boa comida existe por aqui, bom, isso é apenas um sonho, não existe perfeição num mundo de pesadelo!

12- O que você conhece do Japão? O que você admira nesse país?
Mingau: Bom, o Japão é o lugar onde definitivamente tem a cena punk mais ativa do mundo!!! Ótimas bandas, gravadoras, espaços para shows, os visuais mais "bonitos". hehehe! Não conheço muito sobre a cultura popular japonesa, sei que existe muito conservadorismo, em virtude de uma cultura milenar, sei que são muito organizados e centrados em trabalho, alguem me disse que seria imposssivel sobreviver no Japão sem um trabalho porque é tudo muito caro, sei que as mulheres nos animes e hentai são bem mais atraentes dos que as da vida real! e sei que o Godzilla, Spectremen, Goku e os resto dos sayajins moram por ae tambem!!! além disso sei que o Japão tem os melhores equipamentos musicais do mundo, bom, o que mais admiro no Japão é que é um país sobrevivente e sabem muito bem lhe dar com as adversidades e problemas, Sobreviveu a 2º guerra mundial, 2 ataques nucleares e agora soube muito bem lhe dar com a gigantesca tsumani que atingiu o país esse ano, se isso tivesse acontecido no Brasil o caos e desespero seria muito maior que o próprio desastre em si.

13-Muitas bandas brasileiras querem tocar no Japão, qual a possibilidade do Death from Above fazer uma turnê por aqui?
Mingau: Seria um sonho tocar no Japão, mas acho pouco provável a gente tocar ai um dia, porque a gente não têm dinheiro para passagens, mas se algum produtor se interessar em levar a nossa banda, seria mais que perfeito! Nós gostaríamos de tocar no Japão mais do que em qualquer outro lugar.

14-O que vocês conhecem sobre a cena hardcore japonesa? Que bandas japonesas vocês mais gostam e o que impressiona nelas?
Mingau: Eu sou fanático pela cena punk hardcore japonesa à muito tempo graças a pessoas como Kawakami, Takeshi e Ryuji Asada que mandavam muitas coisas pra gente quando a gente começou a ter contato lá pelo ano de 94. Gosto de bandas velhas e clássicas como Death Side, Crow, Kuro, Gism, CDFL, Execute, Gauze, Zouo, Confuse,S.D.S, também de bandas crust dos anos 90 como Disclose, Framtid, Abraham Cross, Age, Battle of Disarm, Contrast Atittude, desprovê, Beyond Description, Slang, Gouka, Ability, Final Bloodbath, Deadlock, Reality Crisis, Gloom, e bandas mais recentes como Darge, System Fucker, D-Clone, Disgust, Isterismo. O que mais me impressiona nas bandas japonesas é a brutalidade sonora e a parte técnica também, sempre muito bem executado e gravações de alta qualidade isso torna essa bandas muito boas em cada um dos seus estilos.

15-Que mensagem vocês têm a passar para os leitores japoneses e os fãs do Death from Above por aqui?
Mingau: Obrigado pela oportunidade e espero poder tocar no Japão algum dia, mantenham viva essa brutalidade sonora japonesa e continuem produzindo bons materiais, e se por acaso algum selo japonês tiver interesse em lançar nossa musica por ae é so entrar em contato! Gostaríamos muito de ter nosso disco espalhado por todo o Japão!!! é isso aê, noise not music!

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