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Entrevista: Defy
por Rafael Karasu (rafael@karasukiller.com)

Foto: Elaine Campos

2012/01

01-Fale um pouco da história da banda, discografia, primeiros shows. E qual é o significado do nome?
Falão: Bem, a banda foi formada no inicio de 2008, por mim, Denito, Lepre e Juliano,na época do inicio da banda o Juliano tinha voltado a gravar com sua antiga banda DISARM e convidou o Denito e o Lepre a tocarem nos shows com ele e etc. Alguns ensaios depois, eu acabei conhecendo o Juliano e conversa vai e conversa vem, acabamos por identificarmo-nos com o desejo de ter uma banda com influências de bandas de metal (guitarra mais pesada, mais palhetadas e afinação baixa). E foi logo no começo dos ensaios que o Denito apareceu com o nome DEFY (nome do álbum do Warcollapse) e todos gostaram da idéia e a tradução para o português é"Oponha„-se" e uma parte da letra é "Recuse tudo o que for imposto a você - Oponha„-se". Porém, fizemos apenas 2 shows com essa formação, que durou aproximadamente uns 8 meses, e gravamos a nossa demo "Desprazer". Creio que o primeiro show foi o mais marcante, e também aconteceu após 6 meses de ensaio e da gravação então, nós mesmos tínhamos uma grande expectativa com esse show; e foi, realmente, sensacional. A formação atual que conta com o Fernando na guitarra, começou em fevereiro de 2010, e logo de início já gravamos e auto-lançamos, em parceria com os amigos do Risposta, um split 7" Defy/Risposta que seguiram vários shows, e agora estamos pra lançar um segundo split 7" com os amigos do Terror Revolucionário.

02-Do que se tratam os temas abordados em suas letras? Como é o processo de composição?.
Falão:
A maioria dos assuntos, de uma maneira geral, de nossas letras são baseados em nossas experiências do dia a dia, bem como as nossas opiniões sobre assuntos gerais. Mas, com certeza, um dos principais temas abordados por nós é relacionado a interação do ser humano com o meio ambiente, e de preconceitos raciais e de sexualidade; esses dois últimos assuntos são muito fortes aqui no Brasil, e nos leva a refletir/discutir diariamente sobre o assunto. Normalmente fazemos a parte instrumental nos ensaios, e, após ter uma forma geral, começo com a parte lírica, que depois discuto com a banda para finalizarmos.
Lepre: As letras retratam os fatos do cotidiano que encaramos dia após dia, além de todo o sentimento de revolta pela natureza destrutiva e egoísta do ser humano. Como tudo na banda, todos buscam participar no desenvolvimento de arte, sons e letras. Mas a meu ver, quem consegue captar melhor as ideias em comum e transmiti-las para o papel é Falão.

03-Quais são as maiores influências de vocês?
Falão:
… difícil listar as nossas influências, até mesmo as maiores, hehe. Mas, de forma geral, começa com bandas crusts do inÌcio dos '90, como: 3-Way Cum, Warcollapse, Battle of Disarm, State of Fear, e também Dread 101 e toda uma leva de bandas da Republica Tcheca e Polônia, e bandas de thrash e death metal, tal como: Bolt Thrower, Entombed, Sepultura, Dismember, e outras mais na mesma linha.
Lepre: Eu acredito que cada membro possui influências próprias, mas com pontos de intersecão dentro do crust e death metal, que são as principais influências para o nosso som.

04-Todos os membros da banda têm trabalho ou vivem de música? Qual é a maior dificuldade de se ter uma banda no Brasil?
Falão:
Todos nós temos empregos normais e temos a música como uma paixão. Creio que seja a falta de apoio, tanto de locais descentes de shows, quanto do público, em apoiar as bandas nacionais, na compra de materiais para ajudar a banda na divulgação ou em viagens, pois a galera prefere encher a cara, e etc, ao invés de ajudar as bandas.
Lepre:Todos trabalharam e seguem sua vida, porém continuamos levando a DEFY adiante porque somos loucos pelo que fazemos. Tirando alguns casos isolados,viver de banda no underground é realmente muito difÌcil, no Brasil então suas chances são reduzidas a zero. Aqui para ter banda o cara tem que gostar do que faz, porque tudo é muito difÌcil, tudo é muito caro, e as pessoas possuem o terrível costume de não valorizar as coisas que são feitas por aqui. Existem bandas muito boas e que talvez nunca tenham uma divulgação do seu som pelo fato de não ser tão fácil fazer um CD, e muito menos um vinil. Por aqui se você não der a cara a bater as coisas não acontecem.

05-E a atual fase do underground brasileiro, o que tem de bom e o que tem de ruim? Há um apoio? Qual é a opinião de vocês sobre a cena punk/hardcore de São Paulo ?
Falão:
Apesar de vivermos um país muito grande, tudo aqui é muito centralizado. Embora seja a passos lentos, tudo tem melhorado por aqui; novas e muito boas bandas estão aparecendo, pessoas interessadas em fazer algo acontecer. Em São Paulo e Rio de Janeiro, como grandes centros, existe de tudo um pouco em relação a estilo de bandas; em BrasÌlia e Minas Gerais, o hardcore e thrash metal são a grande força; e a música extrema toma conta do Nordeste do paÌs em si. Aqui na cidade de São Paulo, por não termos muitos espaços diferentes para fazermos shows, sempre acabamos tocando nos mesmos locais, mesmas bandas, e público; como em todo lugar, existe muita divisão, problemas, diferenças entre as bandas e que as pessoas colocam a frente dos pontos que temos em comum; temos pouquÌssimos selos interessados em lançar material, e na maioria são as próprias bandas e/ou com a ajuda de selos de outros paÌses, que lançam os materiais. Mas ainda têm muitos pontos a melhorarmos aqui, principalmente em relação a maneira em lidar com as bandas, estrutura dos eventos, apoio do público e tudo mais.
Lepre: O underground brasileiro é bem enraizado e continua sobrevivendo ao longo dos anos, através de pessoas que contribuem fazendo as coisas andarem, mantendo espaços para gigs, e distros em atividade. Entretanto È evidente que por se tratar de uma coisa muito maior, ele se apresenta muito carente de apoio, pois como tudo na vida, muita coisa vem e vai com uma velocidade muito rápida. Apesar da segregação muito forte dentro das ramificações do underground,eu destacaria como ponto positivo a realização de eventos que promovem a mescla destas ramificações resultando em uma interação maior entre elas. Este tipo de pensamento está se tornando mais comum, porém falta muito para ser assimilado, mas é um caminho a seguir.

06-Em quais outros projetos os membros da banda estavam ou estão envolvidos?
Falão:
No momento, nenhum membro da Defy está envolvido em nenhum outro projeto. Porém, o Denito tocou numa banda de d-beat chamada Diskontroll por algum tempo antes de montarmos a Defy.
Lepre: Toquei na AGS e na DISARM.

07-O que os membros da banda ouvem atualmente?
Falão:
Normalmente eu escuto tudo o que me soa bem, claro, tudo que seja rock hehe; mas nada de surpresas, ultimamente tenho ouvido bastante Earth para relaxar, N.D.T. e Framtid, e outras bandas, e também bandas novas como Contagium e Last Legion Alive que são as minhas bandas favoritas hoje em dia, e também death metal sueco e inglês; e os clássicos, como Discharge, Black Sabbath e Motorhead que não saem do playlist.
Lepre: Muita coisa...Fora o barulho de sempre.

08-De 2003 para cá está surgindo uma nova safra de bandas punk/hardcore no Brasil. Como vocês enxergam essa renovação? Quais vocês consideram os destaques?
Falão:
As bandas que mais se destacaram nesse período foram as que agregaram conceitos das cenas internacionais e tentaram/tentam algo melhor do que costuma-se a ver e ouvir por aqui; tanto que várias dessas bandas são mais respeitadas, e possuem mais valor, em outras cenas e não aqui no Brasil. Acho que para citar o Social Chaos, Discarga, que são as que sempre estão, constantemente, em turnos fora do país e lançando materiais; e também tem novas bandas como: SUBTERROR, SPEED KILLS, BRAIN DEATH, STENCH OF DEATH, KRONI, WHIPSTRIKER ,UNFIT SCUM, and some others.

Lepre: Enquanto as pessoas se indignarem e sentirem vontade de se expressar através da música, sempre surgirão bandas neste cenário..

09-O que vocês seriam caso não existisse o punk/hardcore em suas vidas?
Falão:
Essa é uma pergunta difícil de ser respondida haha Não me vejo, nem os outros integrantes da banda, de outra a não ser envolvido na cena musical.
Lepre: Cada um tem uma visão do que é punk, mas acredito que se eu não tivesse me envolvido neste meio, hoje não teria a mesma postura, consciência e senso crÌtico perante a vida.

10- Em breve sairá no Japão o split DEFY / TERROR REVOLUCIONÁRIO, como está sendo a repercussão desse lançamento ai no Brasil?O que vocês esperam da distribuição aqui no Japão via Karasu Killer?
Falão:
Tivemos uma boa resposta em relação ao lançamento desse material, muitas pessoas interessadas em ouvir os novos sons, principalmente do T.R., que não lançava um material novo há um certo tempo. Espero que a K.K. nos ajude a espalhar a nossa merda um pouco mais haha em um mercado novo, com diversas bandas, como o Japão.

Lepre: Estou muito feliz por poder concretizar esse material com os amigos do TERROR REVOLUCIONÁRIO, e acredito que o resultado final será muito bom. Queremos tocando e divulgando este Ep 7 para o máximo de lugares possíveis, e com certeza È muito bom ver seu material sendo divulgado em outro país, principalmente no Japão, que sonhamos conhecer um dia.

11-Cada vez mais se fala da corrupção, violência e desemprego no Brasil, que futuro você vê para o país?
Falão:
Infelizmente, como na maioria dos países de terceiro mundo, vivemos em um país de promessas; onde os índices de miséria e pobreza são alarmantes; mas, atualmente, o que realmente me preocupa no Brasil È a polÌtica em relação ao meio-ambiente; temos aqui um dos maiores, e mais belos, ecossistemas e tudo esta a ponto de tornar-se um desastre, pois está sendo votado agora um novo código florestal, que além de permitir vários crimes, ainda anistia criminosos que desmataram, destruiram o solo e etc.
Lepre: Nenhum futuro. Em uma visão global estamos todos fadados a autodestruição.

12- O que você conhece do Japão? O que você admira nesse país?
Falão:
Mesmo gostando da cultura japonesa, o meu conhecimento é superficial, só tenho informações por conversas de amigos que ja visitaram o paés, e pela internet; espero um dia poder visitar o país, mesmo que não seja em uma turno com a Defy, que seja para conhecer um pouco melhor a cultura.
Lepre: Não conheço o país, porém tenho muita curiosidade de conhecer. Tenho um amigo que me falava coisas muitas boas da cena japonesa.

13-Muitas bandas brasileiras querem tocar no Japão, qual a possibilidade do Defy fazer uma turnê por aqui?
Falão:
No momento é difÌcil, pois gostaríamos de ir primeiro a Europa e México, mas gostaríamos muito de ir para uma tour no Japão, é um lugar 'clássico, e também em tocar em outros países próximos, como: Malásia, Cingapura, Indonésia.
Lepre: Temos muita vontade de levar a DEFY ao Japão, porém é muito complicado pelo fato do alto custo das passagens e os tramites envolvidos. Mas é algo que queremos muito antes de pendurar as chuteiras.

14-O que vocês conhecem sobre a cena hardcore japonesa? Que bandas japonesas vocês mais gostam e o que impressiona nelas?
Falão:
Não posso dizer que sou um grande conhecedor da cena japonesa, mas do que conheço, gosto muito; porra, ouvir as bandas do inicio dos '80, sentir o peso e violência das músicas, e principalmente a 'segunda fase', que eram as bandas de HC altamente influenciadas por bandas de metal, ver que elas romperam o limite entre PUNK x METAL, creio que antes mesmo das bandas inglesas. E, pessoalmente, não consigo achar uma música, de nenhum disco, do Death Side, que não seja genial; creio que sejam a originalidade e criatividade da grande maioria das bandas japonesas que mais me atrai nelas; são tantas que é difícil enumerar, são várias classicas e mais 'recentes' como: GUILLOTINE TERROR, LIP CREAM, GAUZE, KURO, GAI, CONFUSE, GISM, CROW, S.D.S., ABRAHAM CROSS, FRAMTID, DISCLOSE, EFFIGY, UNHOLY GRAVE, GLOOM, DISPROVE, BATTLE OF DISARM, e uma outra tonelada.
Lepre: Bem eu curto muito as bandas japonesas por reunirem a velocidade e agressividade de uma maneira diferenciada, além de possuírem uma pegada muito forte de som. Gosto de bandas de gêneros diferentes como DISCLOSE, DISKRIMINADOS, GAUZE, LIFE, VIVISICK, EFFIGY, REALITY CRISIS... Entre outras bandas muito boas.

15-Que mensagem vocês têm a passar para os leitores japoneses ?
Falão:
Gostaria de agradecer a todos os interessados, especialmente ao Rafael, também aqueles que leram toda essa entrevista e escuta os nossos discos, acrescenta algo de bom e nos apoia de alguma forma; espero vê-los em breve. Abraços!!
Lepre: Primeiramente gostaria de agradecer ao Rafael pelo espaço, e que espero um dia concretizar o sonho de ir ao Japão e mostrar o barulho da DEFY. Abraço para todos e até breve.

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